A referência africana a partir da arquitetura de David Adjaye :
Uma
arquitetura performática, de homenagem à cultura africana, a partir de um viés
contemporâneo: pode-se dizer que são algumas das características mais marcantes
do “Starchitect” David Adjaye, de 49 anos, nascido na Tanzânia, mas que morou
também no Egito, Lêmen, Líbano e
Inglaterra, por ser filho de um diplomata de Gana. Com tantas influências
culturais assim, David se tornou muito aberto a referências globais, fazendo
projetos em 4 continentes, mas nunca deixando de lado suas raízes, levando
conceitos muito interessantes na sua arquitetura, o que veremos mais a seguir.
Mas primeiro vamos ver brevemente um
pouco sobre este arquiteto, de tão ampla bagagem cultural:
Em 2013, ele
foi considerado o negro mais influente do Reino Unido pela Power List, algo que
o deixou satisfeito pelo reconhecimento, mas ao mesmo tempo percebeu a
constatação do preconceito ainda existente. Além disso, também disse que os
referenciais são de suma importância para os que estão se tornando
profissionais: “Muitos jovens de
diferentes etnias não se sentem parte de um todo. Eu mesmo quando era garoto
não tinha referenciais negros, a não ser meus pais e algumas pessoas legais que
conheci. É fundamental ver pessoas iguais a você em atividades significativas,
isso provoca o desejo de se integrar ao mundo, ao invés de se abster dele.”
Algo interessante que podemos
considerar também é a definição da arquitetura contemporânea por ele:
“ O aspecto funcional das construções se perdeu bastante. Agora, a
arquitetura precisa ser performática e provocar emoções. Tem que nos inspirar
com experiências nos planos sociais, emocionais e culturais. Hoje, eu me
interesso mais pelas transformações sociais e pela diversidade cultural do que
propriamente pela arquitetura”.
Mas em simultâneo a estes conceitos,
quando o assunto é uma Arquitetura Escultural, expressão e forma de linguagem de
muitos “Starchitects” globais como Frank Gehry, Zaha Hadid e Santiago
Calatrava, ele diz:
“A exuberância como finalidade não me empolga. Aposto na arquitetura que
cria produtos únicos, que não são mais caros do que os convencionais. A
exclusividade não está no custo de suas soluções, mas na integração com o lugar
onde estão. Valorizo demais o entorno de um projeto e cultivo a variedade de
idéias, pois contribuem para uma qualidade de vida melhor. O que estou
interessado em fazer em um lugar não será necessariamente viável em outro”.
ALGUNS PROJETOS DE DAVID ADJAYE E SEUS CONCEITOS:
* Biblioteca Francis Gregory em Whashington, EUA :
Flexibilidade, acessibilidade e acolhimento em um ambiente que deveria
ser convidativo e
harmonizar com seu ambiente em redor: As vistas do exterior, onde há um parque repleto de
árvores, deveria ser enquadrada a partir de dentro e a fachada externa refletir
e complementar tal composição paisagística.
Além desses conceitos, adotaram-se os
padrões LEED (Sigla que significa Leadership
in Energy and Environmental Design, que se trata uma certificação de construções
“verdes” ou seja, “ecologicamente corretas”), uma vez que o edifício possui um design
sustentável, e sua vegetação do entorno proporciona conforto ambiental, simultaneamente
à máxima exposição das fachadas ao sol, o que é interessante no inverno e, no
verão, tal incidência solar é controlada através de um grande dossel sobre o
pavilhão.
Possui
estruturas articuladas na fachada geométrica reflexiva que suporta a parede cortina
e o telhado, enquanto as aberturas em formas de losango continuam por dentro e
enquadram a vista do parque, incentivando a circulação interna para
contemplação do exterior de diferentes ângulos. Na fachada interna há o uso expressivo da madeira, para dar um toque aconchegante e ressoar com o cenário da floresta.
* Studio Museum do Harlem, New York,
EUA:
Trata-se de um projeto para substituição da
instalação existente do museu de 47 anos na West 125th Street de Manhattan. Segundo o New York Times, a nova proposta de
US $ 122 milhões vai mais do que dobrar o espaço do museu, permitindo que ele
se torne um centro principal para artistas contemporâneos de ascendência
africana em Nova Iorque.
Mas a construção está programada para começar em 2017 e a conclusão, prevista para 2019. Os conceitos mais evidentes do arquiteto aqui, são a assimetria, densas e instigantes volumetrias diferentes entre si na fachada frontal, as fenestrações em um ritmo repetido e harmônico com as de edificações do entorno, diferente das outras de outros projetos em que ele as dispôs arbitrariamente. No entanto, quebrando esta repetição, a diferença de volumetria nas aberturas e nos cheios e vazios, torna menos óbvia e simplista a entrada desta edificação.
Mais do que isso, Adjaye baseou-se aqui principalmente em temas de arquitetura Yoruban, com estruturas compostas por painéis de bronze esculpidos. O museu de história e cultura, ao invés de dedicado inteiramente à arte, é concebido como uma experiência imersiva, na qual a narrativa é comunicada através de objetos e artefatos, mas também através do próprio ambiente: "Tudo, desde o modo como você entra - a experiência de entrada - à maneira pela qual você mergulha no museu indo ao subterrâneo onde estão as galerias de história, tudo é projetado para dar pistas físicas ao espectador. As galerias subterrâneas são como o velho chão sagrado conectado ao enterro de escravos e terrenos de escravos. A história é aquela camada embaixo, e é apresentada a você como uma história, então você vai acima do solo e você se envolve com o conteúdo ativamente - uma interação mais complexa. " Diz o arquiteto.
Mas a construção está programada para começar em 2017 e a conclusão, prevista para 2019. Os conceitos mais evidentes do arquiteto aqui, são a assimetria, densas e instigantes volumetrias diferentes entre si na fachada frontal, as fenestrações em um ritmo repetido e harmônico com as de edificações do entorno, diferente das outras de outros projetos em que ele as dispôs arbitrariamente. No entanto, quebrando esta repetição, a diferença de volumetria nas aberturas e nos cheios e vazios, torna menos óbvia e simplista a entrada desta edificação.
Mais do que isso, Adjaye baseou-se aqui principalmente em temas de arquitetura Yoruban, com estruturas compostas por painéis de bronze esculpidos. O museu de história e cultura, ao invés de dedicado inteiramente à arte, é concebido como uma experiência imersiva, na qual a narrativa é comunicada através de objetos e artefatos, mas também através do próprio ambiente: "Tudo, desde o modo como você entra - a experiência de entrada - à maneira pela qual você mergulha no museu indo ao subterrâneo onde estão as galerias de história, tudo é projetado para dar pistas físicas ao espectador. As galerias subterrâneas são como o velho chão sagrado conectado ao enterro de escravos e terrenos de escravos. A história é aquela camada embaixo, e é apresentada a você como uma história, então você vai acima do solo e você se envolve com o conteúdo ativamente - uma interação mais complexa. " Diz o arquiteto.
* Loja Conceito da Alara:
Este provavelmente
é o primeiro projeto de Adjaye na África Ocidental, na Ilha Vitoriana de Lagos.
Trata-se de uma loja com um estilo externo e interno contemporâneo no qual há
experimentos de muitas referências africanas, em seus padrões ostentosos e
ritmos repetitivos nos elementos de fachadas. Com tanta sofisticação no espaço,
David Adjaye diz que "a loja Alara irá promover talentos emergentes ao
estabelecer um centro criativo e uma nova designação essencial para Lagos. O
espaço deverá armazenar as principais marcas de moda do mundo e líderes da
África.
Com um volume retangular de nove metros de
altura, o espaço possui uma geometria que proporciona um descanso visual pela
simplicidade, servindo como um convite
para uma paradinha depois de experimentar a frenética energia das ruas de Lagos,
diz Adjaye.
* Smithsonian Museum of African
American history, EUA:
David
explora bastante a simbologia e a história que a arquitetura deve “contar”
visualmente. Este deveria ser um local para celebrar e guardar a importância da
história do negro no continente americano. A localização e o design deste
edifício representam o passado, presente e futuro da experiência afro-americana:
Olhando para o norte do edifício, os visitantes podem ver a Casa Branca, que
fez história em 2008 com a eleição do presidente Barack Obama. Levantando-se
para o leste, Smithsonian é o Capitólio dos EUA, sede da legislatura da
nação. E ao sul e oeste estão os monumentos e memoriais de Thomas
Jefferson, Martin Luther King Jr., Abraham Lincoln e George Washington, cujas
contribuições para a história e cultura afro-americana são contadas no museu.
Em relação às fachadas, assim como em
outros projetos de David, há forte menção aos padrões têxteis abstratos de
diversos locais da África. Segundo David Adjaye, os tecidos oferecem uma
narrativa fascinante sobre história, comunidade, espiritualidade, oportunidade
e até mesmo representam sociedades e civilizações.
Escola Superior de Administração de Moscou:
Algo que
atrai a atenção aqui são as desproporções inusitadas, imprevisíveis e
assimétricas (Talvez isso seja também uma boa menção às ciências humanas, tão
instigantes e misteriosas não?!).
O que também representa tal disposição dos
blocos edificados é a abertura, coesão e ausência de hierarquia.
Os quatro edifícios empilhados
fornecem conectividade interna para permitir fácil acesso sem sair, o que é muito
interessante principalmente no inverno. As quatro estruturas contêm espaço
de escritório administrativo, um Centro de Bem-Estar, um hotel de cinco
estrelas e moradia estudantil.
Uma referência comprovada por David para este projeto foi a arte de vanguarda do século XX, principalmente as pinturas cubistas do artista artista russo Kazimir Malevich que são reminiscentes de motivos africanos. Neste caso, o projeto iria representar bem o local onde iria se situar. Já em relação às questões climáticas, por causa do rigoroso frio no inverno, os materiais exteriores têm propriedades únicas de resistência às intempéries. Na fachada usaram materiais compostos de alumínio de Alucobond.
Uma referência comprovada por David para este projeto foi a arte de vanguarda do século XX, principalmente as pinturas cubistas do artista artista russo Kazimir Malevich que são reminiscentes de motivos africanos. Neste caso, o projeto iria representar bem o local onde iria se situar. Já em relação às questões climáticas, por causa do rigoroso frio no inverno, os materiais exteriores têm propriedades únicas de resistência às intempéries. Na fachada usaram materiais compostos de alumínio de Alucobond.
Já quanto às estruturas, teve de ser
usada uma tecnologia ultrarefinada como por exemplo nos grandes vãos em balanço
em concreto armado. E quanto às fachadas, há todo um requinte nos inúmeros elementos
de composição, que se assemelham a grandes mosaicos. Ao meu sincero ver, esta
composição parece como uma mensagem visual de que com milhares de pequenos e
simples elementos, justapostos em harmonia entre si, pode-se fazer grandes
desenhos e um belo conjunto. Esta mensagem também parece interessante não?! Se considerarmos
novamente que Adjaye tinha como princípio a representação do lado espiritual e
da identidade cultural africana, pode ser que tenha sentido esta interpretação!
- Sites e revista para consulta:
* Casa Shopping Magazine – Edição 57ª – Outubro de 2015, Pg. 38 a 44.
*http://www.archdaily.com/258109/francis-gregory-library-adjaye-associates
* https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=https://en.wikipedia.org/wiki/David_Adjaye&prev=search
* http://www.jardimcor.com/sustentabilidade/biblioteca-sustentavel-e-nova-atracao-em-washington/
*https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=http://archidatum.com/projects/alara-concept-store-adjaye-associates/&prev=search
* http://www.archdaily.com/214178/moscow-school-of-management-adjaye-associates-ab-studios
http://www.archdaily.com/769783/david-adjaye-unveils-plans-for-studio-museum-in-harlem
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